quarta-feira, 28 de julho de 2010

Limite!

Hoje cheguei no trabalho por voltar de 4:30h da tarde. Rotina normal. Fiquei um pouco no refeitório e desci às 5.
Atendimento legal, movimento tranquilo e um carro parado na frente da loja. Ninguém viu o dono, sumiu! éé... sumiu!
Quaase dando 7h da noite, o alarme toca.

_ Cadê o dono?
_ Ele não está na loja.
_ Foi embora?
_ Ninguém sabe.

Ele, literalmente sumiu. Sem nenhuma pista.
Aquela musiquinha tocou por 10, 20, 30 minutos, uma hora, uma hora e meeeia... e não parava.
"parãran, parãran, parãran, pan, pan... parãran, parãran, parãran, pan, pan... parãran, parãran parãran, pan, pan
parãraaaaaaaaaaaaaaan, pan, pan, pan..."
E logo em seguida, tuiuiús cantavam naquele alarme criativo.

" TIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIUIU"

E a musiquinha voltava, depois o tuiuiú.

Clientes e funcionários se estressavam com o som. Crianças chorando, outras gritando, pessoas falando, carros passando, ônibus passando, motos passando, caminhões passando, cachorros latindo... MEU DEUS, O QUE FOI AQUILO!?

Parou! O barulho parou! O dono voltou...



ei ei ei ei... ai, quem disse que o dono voltou?! Voltou nada!
Ai que ta: Até onde vai o limite do homem!

Realmente, tudo se calou. Crianças não choravam e nem gritavam, pessoas não falavam, carros pararam, bateram, engarrafamento, cachorros continuavam latindo (isso não mudou). Mas o resto mudou!

Todos observando um mendigo. Está ali todos os dias, educado e gente boa!
Todos observando ele, assustados! Tinha se levantado do seu cantinho quente, onde tirava um cochilo, pego um pedaço de madeira... NÃO... um pedaço muuito grande de madeira com pregos e destruiu o carro... ééé... isso aí. ELE DESTRUIU O CARRO! Um belo carro, destruído pelo mendigo.

Ninguém tinha coragem de para-lo. Pirado, nervoso, agressivo, com o poder em suas mãos.
Finalmente foi contido por polícias. 4 policiais - um com a cara arrebentada, pobrezinho. Mas conseguiram fazer o homem, com sangue nos olhos de raiva, parar. Colocaram na viatura e se foram.

E o dono do carro, pobre homem que não ouviu o seu alarme tocar e teve o seu automóvel destruido.
Ele não voltou.
Não voltou?! Não voltou.
Ninguém sabe quem ele é. Deve ter sido abduzido por ETs, ou sequestrados por terroristas, ter sido levados por almas... Ninguém sabe.

E o mendigo? Também não voltou. Também não tivemos notícias. Talvez amanhã, ou não.

Talvez isso tenha acontecido quando eu estava escrevendo, talvez não. Talvez vocês tenha lido até o final, talvez não. Talvez seja trágico, talvez engraçado, talvez nada.

3 comentários:

  1. Fazia tempo que não lia um crônica em um Blog bem feita, parabens rapaz. Continue assim.

    Abraços.

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  2. Talvez um ótimo texto! muito bom.
    Prendeu minha atençao.

    Beijo meu
    Fátima

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  3. Tomara que o dono não tenha voltado e que não precise mais do carro. Tomara que o mendigo esteja bem e que o maldito alarme não o volte a incomodar.

    Crônica deliciosa de ler. Você usa como maestria os recursos do nosso idioma. A ambientação, as repetições, a sequência de imagens... tudo fantástico! Parabéns!

    Um abraço

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